Monitoramento das Radiações Ionizantes

Níveis de referência

Nível de referência - Em Proteção Radiológica, entende-se  por nível de referência um valor pré-determinado para qualquer grandeza física usada nos programas de proteção radiológica que, se for ultrapassado ou prevê-se que seja ultrapassado, exigirá que seja tomada uma ação ou decisão previamente definida.

Níveis de referencia sugeridos pela CIPR - Registro, Investigação, Intervenção e Ação

Nível de registro - É estabelecido pela gerência operacional ou autoridade nacional, permite o registro excluindo informações triviais e consultoria, porém, deve ser aplicado consistentemente. Aplica-se principalmente para exposição laboral, com ênfase principal ao monitoramento individual e do local de trabalho.

Nível de investigação - É estabelecido pelo gerente operacional que solicita uma investigação local (geralmente muito simples) se for excedido. Aplica-se principalmente à exposição laboral.

Nível de intervenção - É estabelecido pela autoridade regulatória. Aplica-se à exposição do publico para dose que pode ser evitada por uma contramedida especifica Frequentemente é mandatório.

1. Nível de registro

Nível de registro é um valor de dose equivalente ou de incorporação definido formalmente, acima do qual, qualquer resultado, de um programa de monitoramento, apresenta interesse suficiente para justificar o seu registro.

O que se deve ser feito com os resultados inferiores ao nível de registro?

Devem ser ignorados. São tratados como zero para propósitos de proteção radiológica. Nos assentamentos declara-se inferior ao nível do registro.

Finalidade do nível de registro em proteção radiológica - Eliminar o monitoramento onde as doses são muito pequenas e, portanto insignificantes com relação à proteção radiológica.

Valores de nível de registro - os órgãos internacionais sugerem os seguintes valores para o monitoramento individual:

  • O OIEA sugere uma dose efetiva não inferior a 1 mSv a-1
  • A CIPR sugere uma dose equivalente anual de 1/10 do limite de dose anual.

Nas situações onde vários componentes contribuem significantemente para a dose total individual, como exposições externas e internas de vários órgãos específicos, deve ser estipulado um nível de registro menor do que aquele sugerido internacionalmente, para cada componente.

Monitoramento individual para irradiação externa - O nível de registro se torna útil  para estabelecer o valor mínimo de deteção do dosímetro a ser relacionado para medir estas pequenas doses.

Monitoramento individual Interno – O nível de registro é útil porque evita esforços desnecessários de interpretação para resultados de pequena importância, lembrando que a interpretação é onerosa, mesmo fazendo uso de modelos computadorizados, pois exige julgamentos específicos a cada situação.


2. Nível de investigação

É um valor da dose efetiva ou da incorporação, geralmente estabelecido tomando por base uma única medida, acima do qual o resultado torna-se suficientemente importante para justificar uma investigação posterior.

Quando se torna necessário introduzir o nível de investigação - Quando as condições de trabalho deixam de ser satisfatórias e exigem uma ação mais eficaz que o simples ato de registro.

Valores recomendados pelos organismos internacionais - são recomendados os seguintes valores como nível de investigação para o monitoramento individual:

  • A CIPR sugere o intervalo de valores entre a região aceitável (5 mSv a-1) até o limite de dose anual média sobre 5 anos.
  • O OIEA continua adotando a regra anterior em que o intervalo tem início nos 3/10 dos limites de dose anuais, isto é, 6 mSv a-1.

O que se pretende com o estabelecimento do nível de investigação - Pretende-se auxiliar na melhoria da proteção onde ela é necessária e atua como uma restrição nas condições de deterioração da proteção onde a situação já é bem gerenciada.


3. Nível de Intervenção

Nível de intervenção é um valor pré-estabelecido, de uma determinada grandeza física usada no monitoramento tal que se for excedido ou prevê-se que seja excedido, é obrigatória uma intervenção para a correção da situação em deterioração.

Recomenda-se o estabelecimento do nível da intervenção para as seguintes situações de exposição à radiação ionizante - Situações de acidentes, incidentes e de exposição crônica onde ela  persiste por um período de tempo grande, isto é, tornam-se necessárias ações reparadoras durante muitos anos para reduzir ou evitar estas exposições.

Exemplos de exposição crônica à radiação ionizante para os quais recomenda-se o estabelecimento de níveis de intervenção - Exposição à radiação natural de fundo, no caso do radônio e exposição a rejeitos de meia vida longa proveniente de atividades ou eventos ocorridos no passado.

Princípios gerais do sistema de proteção radiológica recomendados pela CIPR para se empreender uma intervenção:

  • A intervenção proposta deve trazer mais benefícios que malefícios, isto é, a redução no detrimento resultante da redução na dose deverá ser suficiente para justificar os riscos e os custos, incluindo os custos sociais.
  • A forma, a dimensão e a duração da intervenção deverão estar otimizadas de tal maneira que o beneficio liquido na redução da dose, isto é, o beneficio na redução do detrimento causado pela radiação, menos o detrimento associado à intervenção, deverá estar otimizado.

Valor de intervenção - em proteção radiológica, entende-se por valor de intervenção um valor de dose que pode ser evitada por meio de uma ação protetora ou reparadora específica em um caso de emergência ou de numa situação de exposição crônica.

4. Nível de Isenção de Material Radioativo

Em que situações uma prática ou uma fonte de uma prática pode ser isentada de ser considerado material radioativo independentemente de outras condições, para fins de proteção radiológica?

  • Quando a dose esperada de ser recebida por qualquer membro do público em virtude da fonte ou da prática isentadas seja da ordem de 10μSv ou menor em um ano.
  • A dose comprometida efetiva coletiva em um ano de atuação da prática não seja superior a cerca de 1Sv-pessoa.
  • Em uma avaliação para otimização da proteção mostre que a isenção é a opção ótima.

Exemplo de isenção de material radioativo:

Na série do Urânio, apenas 13 dos elementos são considerados radioativos pela Proteção Radiológica.

Como foram derivados os valores de isenção de material radioativo e o que eles representam?

Os valores foram derivados usando um modelo restritivo baseado nos critérios para isenção adotados pela CIPR e em uma série de cenários de usos limitadores e de deposição. Eles representam os menores valores calculados para qualquer cenário para uma quantidade moderada de material, geralmente, uma tonelada.


5. Nível de exclusão de material radioativo

Nível de exclusão de acordo com a CIPR -  A exclusão, da finalidade das recomendações e normas de proteção radiológica independentemente de outras considerações, de uma prática ou uma fonte de uma pratica ou ainda uma situação existente.

Exemplos de exclusão de material radioativo sugeridos pela CIPR:

  • As fontes de amerício de um pára-raios
  • A deposição como rejeito das fontes de amerício dos pára-raios
  • Radiações naturais do ambiente
  • Fertilizantes com materiais radioativos naturais
  • Fosfogesso com materiais radioativos naturais

6. Níveis de Referencias Utilizados pelo Serviço de Proteção Radiológica

Os níveis de referencia utilizados pelo serviço de proteção radiológica pretendem, por meio de um modelo (cenário), refletir os limites básicos anuais, os limites de restrição de dose ou ainda os limites autorizados emitidos pela autoridade competente do país ou, por fim, os níveis de referência, numa situação especifica de um determinado trabalho.

A relação quantitativa entre a grandeza física medida em um programa de monitoramento e os limites emitidos pela autoridade competente do país depende:

  • Da exatidão da medida escolhida para representar a situação real;
  • Em que grau o modelo representa o limite escolhido.

Escolha de um nível de referencia: principais diferenças entre um nível mais genérico e um nível mais especifico:

  • O nível mais genérico é aplicado em muitas situações, é mais usado, é mais restritivo e apresenta maiores incertezas.
  • O nível mais especifico é mais restrito à situação em consideração, é mais realista e é mais preciso e exato.

Finalidade em se estabelecer um nível de referencia - Estabelecer um quadro, cuja aderência fornecerá virtual certeza da obediência aos limites de competência da autoridade regulatória do país ou dos limites ALARA.

Falha na obediência aos níveis de referencia - A falha não implica necessariamente, em doses maiores ao limites emitidos pela autoridade competente do país e nem aos limites otimizados mas significa falha na obtenção dos padrões de proteção pretendidos.

Como solucionar a falha - A solução é uma ação remediadora sempre que praticável, uma modificação no sistema operacional da instalação ou adoção de um novo nível de referência. Mas neste ultimo caso deve ser lembrado que para se manter a confiança no significado do nível de referência as modificações não devem ser nem levianas e nem freqüentes.

Nível de Referencia para o monitoramento Individual - Para o estabelecimento de um nível de referencia para o monitoramento individual deve ser lembrado que:

  • na maioria das situações a radiação externa e interna, podem ser consideradas separadamente, tornando desnecessário o ajuste de uma delas em relação à outra; 
  • na incorporação de uma mistura de radionuclídeos, os níveis de referência para cada um dos radionuclídeos devem ser ajustados em relação aos demais níveis, de maneira semelhante ao limite de material incorporado para vários radionuclídeos.

 

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