Exposições Potenciais

Cenários para auxiliar a quantificar probabilisticamente as exposições potenciais

1. Como podem ser estimadas as exposições potenciais?

Cada caso necessita uma análise de cenários realistas e completos, o que envolve estimativas de probabilidades e frequências das sequências passíveis de desencadearem exposições indevidas em cada caso, considerando falhas de equipamentos ou erros humanos.  O planejamento da otimização e a correta implementação de todas as funções do monitoramento são determinantes para a redução das probabilidades de ocorrência.

2. Quais as publicações que tratam dos cenários das exposições potenciais?

Em relação às exposições potenciais, somente duas publicações da CIPR, a saber a de nº64 e 76 são expressivas e desenvolvem o assunto.

3. O que sugere a publicação 76 da CIPR para planejar medidas de proteção ou ações de contenção?

Para planejar medidas de proteção ou ações de contenção, a publicação 76 da CIPR sugere uma ampla análise baseada na compreensão de possíveis cenários que, realistas e completos, possam representar probabilidades e frequências das sequências passíveis de desencadearem exposições indevidas, considerando falhas de equipamentos ou erros humanos. A referida publicação em sua seção 2.4 quantifica ou referencia bibliografia pertinente para que se possa mensurar a probabilidade de falhas em equipamentos eletrônicos, mecânicos e mesmo falhas relacionadas à construção civil. Embora reconheça que é difícil quantificar a ocorrência de falhas humanas, a publicação considera fatores modeladores do desempenho (como treinamento, condições do local de trabalho e fatores de distração, dentre outros) e infere um valor de 10-3 a 10-2 para a sua ocorrência, a depender da complexidade da situação. Entretanto, ainda que forneça a fundamentação teórica,  a publicação 76 da CIPR é incompleta em seus exemplos.

4. Como estabelecer limites de risco?

A publicação 64 da CIPR [39], retomando as considerações da publicação 60, reforça que os princípios básicos da radioproteção devem ser igualmente aplicados em casos de intervenções e de introdução de novas fontes, tanto para as estimativas de exposição normal quanto potencial. Isso porque grupos de indivíduos podem estar expostos a várias outras fontes simultaneamente. A publicação 64 amplia o cálculo de detrimento, acrescentando a este o fator probabilidade, uma vez que pequenas probabilidades podem gerar grandes consequências e o limite de risco individual global pode ser grande, ocasionando efeitos determinísticos. A publicação reconhece que é difícil generalizar limites ou restrições, entretanto, recomenda traçar tipos de restrições passíveis de serem dimensionados com base na experiência. O exemplo utilizado na publicação 64 da CIPR é a representação das probabilidades anuais de sequência de eventos conforme critério de riscos especificados pela Comissão para deposição de rejeito sólido, conforme descrito na TABELA 1.

Considerando estes fatos, o presente trabalho de pesquisa sugere possíveis caminhos para mensurar as probabilidades de ocorrências radiológicas que poderiam levar às exposições potenciais. Para tanto, foram analisados, discutidos e quantificados os limites de risco por meio dos dados discutidos nas publicações vigentes, bem como pesquisas a outras abordagens que completam ou contrapõem as informações disponíveis nas publicações da CIPR. Fazendo uso das equações de Sordi, disponibilizadas no trabalho intitulado "Equations proposal to determine risk limits for workers and for public individuals", disponibilizamos valores de dose máxima admissível pelos Limites de Risco relacionados à probabilidades anuais de ocorrência de risco, conforme demonstrado na TABELA 2.

5. Quais os possíveis caminhos para auxiliar as instalações a quantificarem probabilisticamente a ocorrência de exposições potenciais de acordo com sua situação específica?

Para oferecer caminhos que auxiliem a quantificar as probabilidades das ocorrências radiológicas, sugerimos o desenvolvimento de árvores de falhas que podem evoluir para dois tipos distintos de cenários, nos quais podem se enquadrar todas as instalações radiativas:

  1. O primeiro cenário refere-se a fontes conhecidas, como no caso dos aceleradores, cobaltoterapia ou fontes utilizadas para a esterilização de materiais cirúrgicos. Nesse caso, o direcionamento é sugerido em função do estudo das fontes, considerando seu tempo de vida, erros ocorridos, frequência de erros e tempo de funcionamento das fontes em relação aos maiores acidentes já relatados.
  2. O segundo cenário apresenta casos relativos a uma pluralidade de fontes, não sendo possível predeterminar a quantidade de fontes ou seu tempo de uso, sendo essas informações particulares a cada instalação, como é o caso da gamagrafia. Nesse caso, sugerimos o estudo das probabilidades a partir do acidente de maior ocorrência, levando em consideração a evolução da tecnologia, lições aprendidas e erros ocorridos no passado não mais passíveis de ocorrer no futuro.

Além desta categorização, é neceessário que cada instalação possa desenvolver uma árvore de falhas, completa e correta, para a avaliação e quantificação probabilística de fatores desencadeadores de exposições não desejadas, tais como falhas elétricas, mecânicas, físicas ou humanas.

5. Como desenvolver uma árvore de falhas?

Para exemplificar o correto desenvolvimento árvores de falhas que proporcionem esses caminhos, discutimos a construção de árvores adequadas e eficazes, tomando por base os exemplos de exposição potencial da publicação 76 da CIPR, ampliando e articulando cada cenário a partir das recomendações da publicação 102 do OIEA, que traz as diretrizes para um programa de proteção radiológica adequado e eficaz, e do TECDOC 430 OIEA, que traz as recomendações, simbologias e procedimentos para o desenvolvimento da árvore porfiriana. Confira nos links abaixo.

 

 

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