Exposições Potenciais

Riscos associados aos efeitos estocásticos

Riscos associados aos efeitos estocásticos somáticos

Os riscos associados aos efeitos estocásticos somáticos foram determinados a partir de dados experimentais com animais e aqueles obtidos em estudos de grandes grupos populacionais como os sobreviventes das explosões atômicas em Hiroshima e Nagasaki que receberam doses de radiação superiores a 0,1 Gy, sendo linearmente extrapolados para doses mais baixas.

Nesse contexto, o risco aceito mundialmente de morte de adultos por câncer induzido pela radiação é de 0,05/Sv. Assim, o valor do limite de dose anual de 20 mSv estabelecido para o indivíduo ocupacionalmente exposto corresponderia a um risco de morte por câncer de 1 x 10–3 ou 1000 x 10 –6 (0,1%). Já o limite anual de dose efetiva estabelecido para o público, qual seja, 1 mSv, estaria associado a um risco de morte por câncer de 5 x 10–5 ou 50 x 10–6 (0,005%).

 

Considerações sobre efeitos estocásticos  hereditários

Aqueles efeitos decorrentes da irradiação das gônadas, que levam a alterações no material hereditário contido nos gametas (óvulos e espermatozóides), alterações essas que podem ser transmitidas aos descendentes, caso o óvulo ou espermatozóide danificado seja utilizado na concepção.

A radiação ionizante é um dos muitos agentes que podem induzir mutações genéticas. Dentre os métodos empregados para estimar a probabilidade de desordens hereditárias, o método da “dose duplicadora” (doubling dose method) tem sido adotado por organismos internacionais. A “dose duplicadora” é a quantidade de radiação necessária para produzir tantas mutações quanto aquelas que ocorrem naturalmente em uma geração, tendo sido estimada em 1 Gy (1 J/kg).

De acordo com a Comissão Internacional de Proteção Radiológica (CIPR), a probabilidade de efeito hereditário significante para toda uma geração está na faixa de (0,8 - 1,3) . 10-2 Sv-1.

Em relação a efeitos de radiações ionizantes cabem algumas observações interessantes e importantes:

  • A exposição a uma fonte de radiação não significa a "quase certeza de se ter um câncer" e sim a probabilidade de um dano que, na maioria dos casos, é corrigido naturalmente pelo organismo.
  • Um dano biológico produzido em uma pessoa não passa para outra, ou seja, "é uma doença que não pega".
  • A mesma dose que causou um efeito biológico em uma pessoa pode até não causar dano algum em outra.

 

Bibliografia consultada para este capítulo 
(Leia as publicações completas para informações detalhadas sobre os assuntos abordados)

  1. Johns, H.E. e Cunningham, J.R., “The Physics of Radiology”, 3rd Edition, American Lecture Series Publication no. 932, Charles C. Thomas Publisher (1974)
  2. W. Marshall (Editor), “Nuclear Power Technology”, Volume 3, “Nuclear Radiation”, Oxford Science Publications, Clarendon Press (1983).
  3.  Nouailhetas, Y. e Bonacossa de Almeida, C. E., “Radiações Ionizantes e a Vida”, Programa de Informação da Comissão Nacional de Energia Nuclear (1998).
  4. Xavier, A.M; Wieland, P.; Heilbron, P. F. L. e Ferreira, R. S., “Programa de Gerência de Rejeitos Radioativos em Pesquisa”, Comissão Nacional de Energia Nuclear (1998).
  5. Hall, Eric J. , “Radiobiology for the Radiologist”, Lippincott Williams & Wilkins, 5th Ed., Philadelphia, USA (2000).

 

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